segunda-feira, 20 de abril de 2015

Rotina - ou a falta de.

Quando eu lia revistas e sites sobre maternidade, todo lugar me falava que rotina é a melhor amiga das mães e das crianças. Sem ela, o caos é inevitável, bla bla blá.
E eu sempre acreditei. Então sempre tive uma rotina. Uma rotina diária (horários das refeições, banho, leitura, TV, parque, etc), a semanal (mercado, visitas, passeios, etc), a mensal (visitas, compras, etc). 
Meus filhos eram tranquilos, sempre sabiam o que ia acontecer e, realmente, quase nunca davam trabalho. Eu é que sempre tinha uma neura em manter a rotina e, muitas vezes, me estressava.

Daí começamos o homeschooling. 
E, bom, gente abandonou a rotina. De verdade, não temos mais. Nossos dias podem ser muito parecidos por vários dias seguidos, mas aí mudam completamente.

A gente acorda, cada um, na hora que quer. A gente come, cada um, na hora que quer. A gente faz as coisas que precisam ser feitas, não as coisas que estavam programadas.

O almoço pode ser ao meio dia, ou pode ser às 3 da tarde. De vez em quando, nem temos almoço. Os meninos, que acordam mais cedo, comem um sanduíche ou frutas e o resto vai até a janta.

O jantar é a única refeição em que a gente come junto, a mesma comida, todos os dias. 

Claro, tem aulas com dias marcados, tem consultas médicas, tem dentista, tem viagem, tem visitas, e coisas que são pré agendadas, mas o resto do dia não tem mais que seguir nenhuma rotina certa.

E o que eu quero dizer com isso tudo?
Bom, meus filhos continuam dando pouco trabalho. Eles (e a gente, os pais) não sabem o que vai ser do dia, mas eles não estressam por causa disso. Se eles querem ir à biblioteca hoje, e amanhã resolverem ir de novo, tudo bem. Se o tempo estava feio e a gente resolver não ir ao parque, tudo bem. Mas se abrir o tempo, a gente pode resolver ir, assim, de uma hora pra outra. Eles continuam as mesmas crianças e o caos não tomou conta. 
A gente conversa, avisa. Por exemplo, a gente pode avisar que hoje a gente precisa ir ao mercado e que nós vamos depois do almoço. Então eles se preparam pra ir ao mercado psicologicamente e não vão dar chilique. Mesmo sem estar "no dia de mercado".
Liberdade não tem preço. Pra mim, claro, foi ótimo poder comer porque está com fome, e não porque é hora de comer. E pra eles também. Eles estão aprendendo a ouvir os sinais do corpo, de sono, de fome, de banheiro, de social. Se eles estiverem com fome, eles vão comer porque estão com fome, não importa a hora. Se eles estão sem sono, ué, eles não precisam ir pra cama às 9 da noite, mas que talvez fosse legal eles deitarem porque no dia seguinte a gente vai acordar cedo pra fazer alguma coisa. Se eles estão com saudades dos amigos, eles vão atrás e ligam, ou mandam email ou convidam pra vir aqui porque eles quiseram. 
E eles estão desenvolvendo habilidades que vão desde programação, conversa, argumentação e resiliência. Só por causa dessa falta de rotina.

Para a gente, foi maravilhoso jogar a rotina pro ar. E me arrependo de não ter feito isso antes!

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